José de Guimarães, nascido em 1939 na cidade que lhe deu nome, é uma das figuras mais importantes da arte contemporânea portuguesa. Ao longo de uma carreira vasta e multifacetada, destacou-se na pintura, escultura e gravura, tornando-se um dos artistas plásticos mais galardoados de Portugal. A sua obra integra coleções e museus em toda a Europa, bem como nos Estados Unidos, Brasil, Canadá, Israel e Japão.
Inicialmente, José de Guimarães seguiu um percurso académico distinto da arte. Em 1957, ingressou na Academia Militar e no curso de Engenharia da Universidade Técnica de Lisboa, concluindo a licenciatura em 1966. No entanto, o fascínio pela arte levou-o, já em 1958, a iniciar a sua formação artística, frequentando aulas com Teresa Sousa e Gil Teixeira Lopes e estudando gravura na Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses.
A influência de diferentes culturas desempenhou um papel determinante no seu percurso artístico. Durante a década de 1960, viajou pela Europa, estudando obras de mestres como Rubens, e posteriormente dedicou-se a explorar o impacto estético de culturas distantes. Entre os anos 70 e 80, as suas viagens a África, Ásia e América do Sul influenciaram profundamente a sua produção artística, levando-o a desenvolver um alfabeto baseado nos símbolos e formas da cultura africana. Este sistema de signos tornou-se uma das marcas da sua linguagem visual.
Na década de 1980, Guimarães começou a explorar os limites entre pintura e escultura, utilizando materiais pouco convencionais como fibra de vidro e papel artesanal produzido pelo próprio. Com um uso expressivo da cor, as suas obras cruzam elementos humanos, animais, minerais e vegetais, refletindo a diversidade e riqueza das influências que absorveu ao longo da vida.
A sua carreira consolidou-se internacionalmente com a série D’Après Rubens, apresentada na Bélgica, e em 1976 e 1977 foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Em Londres, frequentou o curso de holografia no Royal Smith College, aprofundando os seus conhecimentos em técnicas inovadoras. Desde os anos 1960, participa regularmente em exposições individuais e coletivas em Portugal e em países como Espanha, França, Bélgica e Itália.
O reconhecimento do seu trabalho levou à criação do Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), integrado na Plataforma das Artes e da Criatividade, na sua cidade natal. Em 1990, recebeu o título de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, pelo então Presidente da República, Mário Soares.
José de Guimarães continua a ser uma referência incontornável na arte contemporânea portuguesa, sendo o seu legado marcado pela fusão de culturas, inovação estética e uma visão universal da arte.

