Maria de Lourdes Ribeiro, conhecida como Maluda (1934-1999), nasceu em Pangim, no então Estado Português da Índia. Viveu em Moçambique desde 1948, onde iniciou a sua carreira como pintora autodidata, focando-se inicialmente no retrato. Em 1961, fundou, com Garizo do Carmo, João Paulo e João Ayres, o grupo de pintura “Os Independentes”, que realizou diversas exposições coletivas em Lourenço Marques (atual Maputo).
O seu percurso artístico deu um salto significativo em 1963, ao receber uma bolsa de estudos da Fundação Calouste Gulbenkian, que a levou a estudar em Lisboa com o mestre Roberto de Araújo e, posteriormente, em Paris, na Académie de la Grande Chaumière, onde trabalhou com Jean Aujame e Michel Rodde. Durante a sua estadia na capital francesa (1964-1967), conviveu com grandes nomes da arte, como Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes.
O reconhecimento do seu trabalho chegou com a sua primeira exposição individual, em 1969, na Galeria do Diário de Notícias, em Lisboa. O sucesso consolidou-se em 1973, com uma grande exposição na Fundação Gulbenkian, que atraiu mais de 15.000 visitantes, marcando um ponto de viragem na sua carreira.
A partir de 1978, Maluda dedicou-se à sua icónica série das Janelas, explorando-as como metáforas do equilíbrio entre o espaço público e privado. Estas composições geométricas e vibrantes tornaram-se a sua imagem de marca, destacando-se pelo rigor da construção, pela luz intensa e pelas cores vibrantes. Em 1981, publicou o livro “Maluda”, com prefácio de Maria Helena Vieira da Silva.
Foi galardoada com vários prémios ao longo da sua carreira, incluindo:
Prémio de Pintura da Academia Nacional de Belas Artes de Lisboa (1979)
Prémio Mundial para o Melhor Selo (Washington, 1987)
Prémio Mundial para o Melhor Selo em Périgueux, França (1989)
Prémio Bordalo Pinheiro, da Casa da Imprensa (1994)
Em 1998, foi agraciada pelo Presidente da República Jorge Sampaio com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Nesse mesmo ano, realizou a sua última exposição, “Os Selos de Maluda”, patrocinada pelos CTT.
Faleceu em Lisboa, a 10 de fevereiro de 1999, aos 64 anos. No seu testamento, instituiu o “Prémio Maluda de Pintura”, atribuído pela Sociedade Nacional de Belas-Artes a jovens pintores. A sua obra, marcada por uma abordagem rigorosa da paisagem urbana, continua a ser uma referência no panorama da pintura portuguesa contemporânea.

